Nova etapa
Contra a Covid-19, bebês vacinados e apelo por adultos conscientes
Pelotas irá imunizar população entre seis meses e dois anos, com comorbidades, a partir da próxima semana; cidade ainda não tem casos da subvariante BQ.1
Foto: Carlos Queiroz - DP - Eliane Teixeira Pinto foi uma das quem procurou a vacinação nesta quinta
Por Lucas Kurz
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Chegou a hora dos bebês. A partir da próxima segunda-feira, 21, as crianças de seis meses a dois anos, com comorbidades, poderão ser vacinadas em Pelotas contra a Covid-19. Porém, se muitos pequenos e suas famílias comemoram uma proteção que finalmente chega para trazer tranquilidade em um público que já nasceu em um mundo pandêmico, tem gente grande fazendo feio na cidade: mais de 20 mil ainda não tomaram sequer a segunda dose, 73.149 a terceira e 69.980 a quarta, mesmo com todos maiores de 18 anos já estando aptos a quatro doses desde 6 de outubro.
A diretora da Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Aline Machado, ressalta que neste momento o município recebeu 410 doses da vacina Pfizer Baby do Ministério da Saúde. Segundo a prefeitura, são 11,4 mil pessoas nessa faixa etária. Por isso, haverá a priorização inicial. "É uma orientação do Ministério [da Saúde] que se priorize as crianças com comorbidades, justamente por isso. Essas crianças com comorbidades são potenciais para, se se infectar, agravar", explica. Ela reforça, ainda, que não há qualquer outra contraindicação, podendo ser feita com todas as outras vacinas de rotina. "Não precisa ter intervalo mínimo, até no mesmo dia podem ser feitas", ressalta.
O esquema vacinal para os bebês é de três doses: a segunda, após quatro semanas e a terceira após oito semanas. O formato das primeiras doses é por agendamento, através do link. "A gente pensou em estratégias para otimizar os frascos para que não se tenha desperdício." Dessa maneira, o atendimento é garantido e sem grandes esperas, dando maior controle às doses. Também por isso, apenas dois locais vão aplicar os imunizantes: o ambulatório da Universidade Católica de Pelotas, das 8h às 20h, e o Centro de Especialidades, das 8h às 18h. O agendamento estará disponível a partir desta sexta-feira (18).
Confira a organização de datas para vacinação
- Segunda-feira (21): aplicação em crianças de seis meses a 11 meses e 29 dias
- Terça-feira (22): aplicação em crianças de 1 ano a 1 ano, 11 meses e 29 dias
- Quarta- feira (23): aplicação em crianças de 2 anos a 2 anos, 11 meses e 29 dias
- Quinta-feira (24): aplicação em crianças de seis meses a 2 anos, 11 meses e 29 dias
- Sexta-feira (25): aplicação em crianças de seis meses a 2 anos, 11 meses e 29 dias
Subvariante da Ômicron
Enquanto diversos pontos do país registram saltos nas infecções e internações, causadas pela subvariante BQ.1 da Ômicron, que já traz uma nova preocupação com ondas de Covid, até esta quinta-feira Pelotas não possuía nenhum registro dela. Porém, a SMS já trabalha com a perspectiva de que isso seja questão de tempo. Aline diz que há preocupação, por já estar circulando na região metropolitana do Rio Grande do Sul. Até quinta, o Estado já tinha nove casos detectados.
Aumento de casos e atrasos na vacinação
Nos últimos dias, é possível notar um discreto aumento das infecções na cidade. A diretora da SMS explica que, dentro deste cenário, para evitar novas ondas, é importante sensibilidade: usar máscaras em locais fechados e pouco ventilados, realizar testagens em caso de sintomas e completar o esquema vacinal. Falta de oportunidade não é desculpa, já que o município oferece atualmente mais de 50 pontos, trailer itinerante e horários variados.
Recentemente, Pelotas emitiu recomendações de proteção, mas a volta da obrigatoriedade do uso de máscaras não está em pauta, neste cenário, podendo mudar conforme haja alterações. "A gente está avaliando e observando o cenário epidemiológico", enfatiza Aline. Ela reforça a importância de fazer testes, mesmo com sintomas leves, para iniciar o isolamento o quanto antes para evitar espalhar a doença.
Ontem, Pelotas registrou 20 novos casos de Covid-19, com 12 mulheres e oito homens entre cinco e 96 anos, não registrando mortes desde 8 de novembro. Porém, volta a ter tendência de alta: a evolução da taxa de transmissão está em 1.27, a mais alta desde 15 de agosto. Isso significa que de cada cem pessoas com o vírus, outras 127 são infectadas.
Porém, há os cidadãos que, mesmo atrasados, buscam a vacinação. Durante a tarde, o posto do Mercado Central registrou fila. A autônoma Eliane Teixeira Pinto, 50, foi tomar a quarta dose e aproveitou para se imunizar também contra a gripe. Ela disse que o atraso acabou sendo um descuido, mas por influência do marido e preocupação com possíveis novas ondas, correu para botar tudo em dia. "Eu perdi muita gente na minha família. A gente fica um pouco preocupado", relata. Já o comerciante Roque Dias, 30, tomou a terceira dose após atraso causado por questões logísticas, segundo ele. "Estava morando em outra cidade. E aí, como eu sou natural de Pelotas, agora que voltei para a cidade consegui fazer", explica. Ainda assim, reforça a importância da conscientização coletiva para manter o esquema completo e cuidar do próximo. "E torcer para que nada de ruim aconteça".
Confira os dados da imunização em atraso, em Pelotas
- Segunda dose: 20.483
- Terceira dose: 73.149 (10.370 adolescentes, 54.803 adultos e 7.976 idosos)
- Quarta dose: 69.640
(*) Números até ontem, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde
Fique atento às orientações
> Em caso de sintomas gripais, é necessário aguardar 30 dias do início dos sintomas;
> A vacina pode ser aplicada junto com as demais;
> Apresentar documento de identidade da criança e do responsável legal com foto. Caso a criança não tenha documento com foto deverá ser apresentada cópia da Certidão de Nascimento;
> Comprovante de residência do responsável;
> Carteira de vacinação da criança;
> Atestado simples (não precisa ser padrão) que comprove a comorbidade da criança de seis meses a 2 anos, 11 meses e 29 dias;
> Cartão SUS ou CPF;
> Agendamento em bit.ly/agenda-vacina-pel.
Lista de comorbidades
Nesse momento, pela disponibilidade de doses, a prefeitura iniciará a aplicação pelas crianças com as comorbidades previstas pelo Ministério da Saúde. Confira abaixo quais são:
Diabetes mellitus - Qualquer indivíduo com diabetes.
Pneumopatias crônicas graves - Indivíduos com pneumopatias graves incluindo doença pulmonar obstrutiva crônica, fibrose cística, fibroses pulmonares, pneumoconioses, displasia broncopulmonar e asma grave (uso recorrente de corticoides sistêmicos ou internação prévia por crise asmática ou uso de doses altas de corticóide inalatório e de um segundo medicamento de controle no ano anterior).
Hipertensão Arterial Resistente (HAR) - Quando a pressão arterial (PA) permanece acima das metas recomendadas com o uso de três ou mais anti-hipertensivos de diferentes classes, em doses máximas preconizadas e toleradas, administradas com frequência, dosagem apropriada e comprovada adesão ou PA controlada em uso de quatro ou mais fármacos anti-hipertensivos.
Hipertensão arterial estágio 3 - PA sistólica =180mmHg e/ou diastólica =110mmHg independente da presença de lesão em órgão-alvo (LOA).
Hipertensão arterial estágios 1 e 2 com lesão em órgão-alvo - PA sistólica entre 140 e 179mmHg e/ou diastólica entre 90 e 109mmHg na presença de lesão em órgão-alvo.
*Doenças cardiovasculares
Insuficiência cardíaca (IC) - IC com fração de ejeção reduzida, intermediária ou preservada; em estágios B, C ou D, independente de classe funcional da New York Heart Association.
Cor-pulmonale e Hipertensão pulmonar - Cor-pulmonale crônico, hipertensão pulmonar primária ou secundária.
Cardiopatia hipertensiva - Cardiopatia hipertensiva (hipertrofia ventricular esquerda ou dilatação, sobrecarga atrial e ventricular, disfunção diastólica e/ou sistólica, lesões em outros órgãos-alvo).
Síndromes coronarianas - Síndromes coronarianas crônicas (Angina Pectoris estável, cardiopatia isquêmica, pós Infarto Agudo do Miocárdio, outras).
Valvopatias - Lesões valvares com repercussão hemodinâmica ou sintomática ou com comprometimento miocárdico (estenose ou insuficiência aórtica; estenose ou insuficiência mitral; estenose ou insuficiência pulmonar; estenose ou insuficiência tricúspide, e outras).
Miocardiopatias e Pericardiopatias - Miocardiopatias de quaisquer etiologias ou fenótipos; pericardite crônica; cardiopatia reumática.
Doenças da Aorta, dos Grandes Vasos e Fístulas arteriovenosas - Aneurismas, dissecções, hematomas da aorta e demais grandes vasos.
Arritmias cardíacas - Arritmias cardíacas com importância clínica e/ou cardiopatia associada (fibrilação e flutter atriais; e outras).
Cardiopatias congênita - Cardiopatias congênitas com repercussão hemodinâmica, crises hipoxêmicas; insuficiência cardíaca; arritmias; comprometimento miocárdico.
Próteses valvares e Dispositivos cardíacos implantados - Portadores de próteses valvares biológicas ou mecânicas; e dispositivos cardíacos implantados (marca-passos, cardio desfibriladores, ressincronizadores, assistência circulatória de média e longa permanência).
Doenças neurológicas crônicas - Doença cerebrovascular (acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico; ataque isquêmico transitório; demência vascular); doenças neurológicas crônicas que impactem na função respiratória, indivíduos com paralisia cerebral, esclerose múltipla, e condições similares; doenças hereditárias e degenerativas do sistema nervoso ou muscular; deficiência neurológica grave.
Doença renal crônica - Doença renal crônica estágio 3 ou mais (taxa de filtração glomerular < 60 ml/min/1,73 m2) e/ou síndrome nefrótica.
Imunocomprometidos - Indivíduos transplantados de órgão sólido ou de medula óssea; pessoas vivendo com HIV; doenças inflamatórias imunomediadas em atividade e em uso de dose de prednisona ou equivalente > 10 mg/dia; demais indivíduos em uso de imunossupressores ou com imunodeficiências primárias; pacientes oncológicos que realizaram tratamento quimioterápico ou radioterápico nos últimos 6 meses; neoplasias hematológicas.
Hemoglobinopatias graves - Doença falciforme e talassemia maior.
Obesidade mórbida - Índice de massa corpórea (IMC) = 40.
Síndrome de Down - Trissomia do cromossomo 21.
Cirrose hepática - Cirrose hepática Child-Pugh A, B ou C.
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